terça-feira, 5 de julho de 2011

Fontes históricas e a revisão bibliográfica


“O estudo do passado não pode ser feito diretamente, mas de forma mediada através dos vestígios da atividade humana, a que é dado o nome genérico de fontes históricas. Embora com ligeiras cambiantes no significado, também se utilizam termos como documentos, testemunhos, vestígios ou monumentos. As fontes podem ser classificadas segundo vários pontos de vista, mas vamos aqui referir apenas as fontes materiais, as escritas, as iconográficas e as orais.

As fontes materiais ou documentos figurados constituem os vestígios materiais da atividade humana e que incluem as fontes arqueológicas em geral, os instrumentos de trabalho, os monumentos, as moedas, entre muitas outras. Algumas ciências auxiliares da história são dedicadas a este tipo de fontes, como a Arqueologia, a Numismática e a Sigilografia. No campo da História da Farmácia, estas fontes são muito importantes e incluem aquelas (almofarizes, potes de outros artefatos de farmácia) a cuja conservação se dedicam os museus de farmácia.

As fontes escritas são geralmente as de utilização mais geral e distinguem-se entre si pelo suporte e técnica utilizados na escrita. No estudo das épocas Moderna e Contemporânea, as fontes escritas utilizadas são normalmente classificadas em manuscritas (uma carta de boticário, uma receita) e impressas (uma farmacopéia, um periódico farmacêutico). Das fontes escritas se ocupam ciências auxiliares como a Paleografia, a Filologia, a Epigrafia, a Papirologia, a Diplomática. As fontes iconográficas são as que representam imagens (uma gravura, uma fotografia, um filme). As fontes orais incluem toda a informação e tradição que é conservada na memória dos indivíduos e transmitida oralmente de uns para outros. Estas fontes são particularmente importantes no estudo da história dos povos primitivos.” (J. P. Sousa Dias)


Para nós, historiadores, qualquer vestígio histórico que forneça alguma informação sobre o passado pode ser trabalhado como fonte, porém as fontes escritas e documentais são muito importantes, mas não devem ser fetichizadas como verdade absoluta, mas sim problematizadas de acordo com o contexto histórico em que estão inseridas e trabalhadas de modo crítico. Entre as fontes escritas e documentais, existem, além dos livros: documentos, papiros, pergaminhos, testamentos, cartas e até mesmo escrita em pedras ou blocos de argila como a escrita cuneiforme dos povos Sumérios.

No uso da escrita como fonte histórica, devem ser analisadas, através das revisões bibliográficas, as mais recentes obras científicas disponíveis que tratem do assunto ou que dêem embasamento teórico e metodológico para o desenvolvimento do projeto de um pesquisa além de ampliar a criticidade. Nelas também são explicitados os principais conceitos e termos técnicos a serem utilizados na pesquisa. Também chamada de “estado da arte”, a revisão da literatura demonstra que o pesquisador está atualizado nas últimas discussões no campo de conhecimento em investigação. Além de artigos em periódicos nacionais e internacionais e livros já publicados, as monografias, dissertações e teses constituem excelentes fontes de consulta.

Esse processo é de importância fundamental para que o pesquisador informe à banca examinadora o que ele leu sobre o tema, e evite abordar 'problemas' que já foram esgotados por outros trabalhos. Vale lembrar que revisão bibliográfica é diferente de uma coletânea de resumos ou uma 'colcha de retalhos' de citações; ela consiste numa análise crítica meticulosa e ampla das publicações correntes em uma determinada área do conhecimento.

De um modo geral, a revisão bibliográfica é realizada como parte inicial de um estudo científico, seja no nível da graduação ou pós-graduação, sendo parte fundamental em uma dissertação de mestrado ou numa tese de doutorado. Ela é, pois, fundamental para as pessoas que estudaram e trabalharam muito para desenvolver o conteúdo que no mínimo serviu de base para nossos trabalhos. O direito de reconhecimento de autoria é tão importante, pois ninguém iria gostar se usassem seu conhecimento sem o reconhecimento seus esforços.

FINDLAY, E. A. G. Guia para apresentação de projetos de pesquisa. Joinville, SC: UNIVILLE, 2006.

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